Alterações na IA do Google Reduzem cliques em resultados de busca e geram preocupação no setor digital

Alterações na IA do Google Reduzem cliques em resultados de busca e geram preocupação no setor digital

Google lança novo recurso AI Mode, alegando que a tecnologia potencializa o volume de pesquisas. (Foto: Reprodução)

A implementação das respostas geradas por inteligência artificial nos resultados de busca do Google, iniciada há pouco mais de um ano, vem provocando uma diminuição significativa na taxa de cliques em links apresentados na página. Relatórios de usuários e estudos de agências como a Ahrefs indicam que, desde a introdução da funcionalidade, a taxa de cliques nos primeiros resultados caiu em até 34,5% quando comparada a busca convencional.

A análise da Ahrefs, feita com uma amostra de 300 mil buscas, revelou que durante março de 2024 — quando as respostas de AI Overviews ainda não estavam ativas — o comportamento do usuário na busca diferiu notavelmente do que ocorreu em março de 2025.

Diante desse cenário, o Google anunciou a introdução do AI Mode, uma nova aba que utiliza modelos de linguagem para fornecer respostas, o que pode resultar em buscas sem cliques, conforme alerta o estudo. Essa mudança representa um risco para a sustentabilidade de sites que dependem do tráfego orgânico para monetização.

A resposta do Google sugere que a IA pode ajudar os usuários a encontrar um maior volume de informações online, afirmando que os cliques nas buscas com AI Overviews são de maior qualidade, aumentando o tempo de permanência dos usuários nos sites acessados. A companhia reporta um aumento de 10% nas buscas relacionadas a termos que geram esses resumos, especialmente em mercados como os Estados Unidos e Índia, com 1,5 bilhão de usuários mensais para o recurso AI Overview.

A pesquisa da consultoria Terakeet evidencia que estar incluído na lista de resumos do Google promove um aumento significativo no tráfego, enquanto a exclusão resulta em queda acentuada de cliques, embora o Google não divulgue os critérios utilizados para inclusão de páginas.

O CEO do Google, Sundar Pichai, anteriormente declarou que as respostas de IA aumentariam, na realidade, o número de cliques, em contraste com os dados da Ahrefs. Análises de ferramentas de audiência, como o Google Analytics, não permitem distinguir se uma visita provém de um link convencional ou de um resultado gerado pela IA, limitando a capacidade de avaliar a eficácia do recurso em termos de tráfego.

Com a introdução do AI Overview, observa-se uma prevalência em perguntas que tratam de “como fazer algo” ou definições, enquanto assuntos controvertidos são frequentemente evitados. Artigos educativos e tutoriais têm sido pilares da economia digital, com crescimento facilitado pelo Google.

O novo AI Mode também enfrenta críticas, onde analistas como os da Press Gazette apontaram que os links gerados pelo modelo de linguagem possuem uma aparência indistinguível dos textos adjacentes, diminuindo a probabilidade de cliques. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e outras entidades já manifestaram preocupações sobre práticas de “self-preferencing”, que potencialmente redirecionam usuários para as respostas geradas pela IA, em detrimento do conteúdo original.

Reguladores como a ANJ (Associação Nacional de Jornais) estão cobrando que o Google obtenha autorização para usar conteúdo jornalístico em modelos de IA e questionam possíveis abusos de posição dominante na exibição de materiais sem compensação financeira. Até o momento, o Google não firmou acordos com publicações para pagamento pela utilização de seus conteúdos, ao contrário de concorrentes como OpenAI.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima