Pequim adota cautela após alegações sobre o desempenho do caça J-10C em conflito entre Índia e Paquistão
Em meio ao entusiasmo popular na China em relação ao desempenho do caça J-10C durante confrontos entre Índia e Paquistão, a postura do governo chinês é predominantemente cautelosa. Analistas sugerem que essa moderação reflete tanto considerações geopolíticas quanto prudência militar.
Recentemente, o Paquistão anunciou que conseguiu abater caças Rafale, fabricados na França, da Força Aérea Indiana, utilizando um J-10C chinês. Segundo informações, ao menos um Rafale teria sido derrubado, marcando assim o primeiro sucesso em combate da família J-10 desde sua introdução há 27 anos. O Paquistão, um aliado próximo da China, opera 20 unidades do J-10C, sendo este o único país a utilizar a aeronave.
Até o momento, o governo chinês e a mídia oficial têm mantido um silêncio significativo sobre o incidente. Na quinta-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, afirmou não estar ciente das alegações envolvendo caças chineses. A única declaração oficial do ministério clamou por contenção de ambas as partes, pedindo que evitassem ações que complicassem ainda mais a situação.
A cautela da China se deve também ao complexo ambiente geopolítico, especialmente considerando as tensões existentes com a Índia, uma nação vizinha com a qual mantém disputas territoriais, e o Paquistão, considerado um parceiro estratégico e principal comprador de armamentos chineses.
As crescentes tensões refletem um cenário global complexo, onde a China enfrenta não apenas desafios regionais, mas também crescentes tensões comerciais e tecnológicas com os Estados Unidos, além de conflitos territoriais com Japão e Filipinas e a situação delicada no Estreito de Taiwan.
A China tem buscado expandir suas exportações de armamentos, especialmente no Oriente Médio, em um mercado dominado, até o momento, pelas potências ocidentais, lideradas pelos EUA. Contudo, apesar dos avanços tecnológicos, os produtos militares chineses ainda enfrentam ceticismo, principalmente por carecerem de experiência em combate real ao longo das últimas décadas.
Recentemente, a Chengdu Aircraft Industry Group, responsável pela fabricação do J-10, reportou um aumento de mais de 30% nas ações em apenas dois dias de negociação. Nas redes sociais, a hashtag sobre a afirmação de que o J-10 teria abatido aviões indianos se tornou uma das mais comentadas, atingindo mais de 35 milhões de visualizações. Publicações virais apresentando a imagem do J-10C e alegações de destruição de um Rafale foram amplamente compartilhadas, com comentários que destacavam o desempenho do caça como um reflexo das capacidades da indústria de defesa da China.
Segundo análises, o entusiasmo da população chinesa não se deve apenas aos conflitos em si, mas sim à demonstração de força da indústria de defesa do país. O conflito é visto como um teste prático das capacidades tecnológicas e de produção da China, sublinhando a mensagem de que qualquer desafio à soberania do país enfrentará grandes dificuldades.


A China figurou como o quarto maior exportador de armas globalmente entre 2020 e 2024, com 5,9% das exportações mundiais, conforme relatório de março de 2025 do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo. Os EUA lideram com 43% das exportações globais, atendendo 107 países. O Paquistão permanece o único operador do J-10C, embora países como o Egito demonstrassem interesse.
Segundo especialistas, a cautela de Pequim é reflexo dos riscos geopolíticos em um potencial conflito em larga escala entre Paquistão e Índia, que podem comprometer a segurança e a estabilidade regional da China. Embora o J-10C tenha superado um desafio isolado, a probabilidade de resultados desfavoráveis em confrontos mais amplos ainda é incerta.
Adicionalmente, a mídia estatal da China tem adotado uma abordagem cuidadosa na cobertura, reforçando os avanços tecnológicos do J-10C, mas evitando confirmações sobre seu envolvimento em combates. Contas ligadas ao exército publicaram atualizações sobre exercícios de treinamento com a aeronave, além de promoverem os mísseis PL-15E com características destacadas.