O Turbulento Retorno de Dragon Age: The Veilguard
O tão esperado Dragon Age: The Veilguard, parte da icônica série de RPG da BioWare, não atingiu as altas expectativas da Electronic Arts (EA) e dos fãs. Apesar do legado sólido da franquia, a produção passou por um desenvolvimento tumultuado que resultou em um jogo abaixo do esperado. Mas o que realmente aconteceu nos bastidores desse projeto polêmico?
Um relatório do jornalista Jason Schreier revela as diversas dificuldades enfrentadas pela equipe de desenvolvimento, que afetaram tanto a qualidade do jogo quanto sua recepção. Entender esses fatores é crucial para qualquer entusiasta de games que queira se aprofundar nas complexidades do mundo dos videogames.
Fatores que Comprometeram o Desenvolvimento
Os problemas começaram a se acumular logo no início. De acordo com fontes internas, uma série de fatores comprometeram o desenvolvimento de Veilguard:
- Longo hiato da franquia: A ausência prolongada entre os lançamentos desgastou a expectativa dos fãs.
- Campanha de marketing fraca: Uma divulgação insuficiente não ajudou a criar alarde sobre o jogo.
- Falta de divulgação boca a boca: Sem um buzz orgânico, a recepção ficou aquém do esperado.
- Mudança de direção significativa: A conversão do jogo de multiplayer para single-player no meio do processo afetou profundamente o desenvolvimento.
Da Pressão à Mudança de Rumos
Após o sucesso de Inquisition, a equipe estava pronta para trabalhar em um novo título com uma proposta mais contida. No entanto, em 2017, a pressão por transformar o jogo em um “game como serviço” resultou na saída do diretor criativo Mike Laidlaw. Em meio a esse cenário tumultuado, a proposta inicial foi deixada de lado em favor de um tom mais leve e um foco em um combate mais acelerado.
Esse movimento, no entanto, teve consequências. O fracasso de Anthem deixou a equipe apreensiva quanto ao futuro de Veilguard, levando à decisão de reverter o projeto para um título single-player em 2020.
Adaptações em Tempestade
Infelizmente, não houve tempo para recomeçar o projeto do zero. Com um ano e meio disponível, a equipe se viu forçada a adaptar o material existente. Essa adaptação trouxe severas limitações criativas e técnicas, prejudicando a qualidade final do jogo.
Embora houvesse um desejo de resgatar a identidade narrativa da franquia, decisões de desenvolvimento apressadas resultaram em um escopo mais restrito. Kurvas de decisões significativas estavam em falta, o que era uma marca registrada da série.
Dificuldades na Montagem da Equipe
Em 2023, mais uma reviravolta: a EA decidiu transferir parte da equipe de Mass Effect para liderar o desenvolvimento de Veilguard. Essa mudança causou tensão entre as equipes, que já enfrentavam rivalidade interna. A equipe de Mass Effect trouxe críticas severas ao material existente e promoveu mudanças significativas na liderança, recebendo um orçamento que antes não era disponível para Veilguard.
As queixas contínuas sobre a desigualdade de tratamento entre as duas franquias levaram a uma crescente frustração dentro do estúdio.
Desafios Criativos e Recepção Crítica
Nos primeiros testes, o tom considerado excessivamente humorístico rapidamente se tornou uma preocupação, com a equipe temendo comparações desfavoráveis a outros jogos. A dificuldade em reescrever diálogos, agravada pela greve de atores, complicou ainda mais a situação. Quando o trailer oficial foi finalmente liberado, ele gerou descontentamento, até mesmo entre os desenvolvedores, por seu estilo considerado “cartunesco”.
A Incerteza sobre o Futuro da BioWare
Com mais um ciclo de demissões no estúdio, o futuro de Veilguard parece incerto. A maioria dos talentos remanescentes foi redirecionada para trabalhar no próximo capítulo de Mass Effect. Especialistas do setor observam que a BioWare atualmente representa apenas 5% da receita da EA. Em uma declaração preocupante, analistas indicam que o estúdio pode estar à beira do colapso, considerando que não produz um sucesso há mais de uma década.
Fonte: Bloomberg