A Meta, em colaboração com a Booz Allen, anunciou a implementação de uma versão personalizada de seu modelo de inteligência artificial (IA) de código aberto, Llama 3.2, na Estação Espacial Internacional (ISS). Este projeto, denominado “Space Llama”, visa avaliar o desempenho da IA em órbita para auxiliar em investigações científicas.
IA Independente da Internet na ISS
Uma das principais vantagens do Llama é que seus “pesos”—dados fundamentais para seu funcionamento—são públicos. Isso permite que pesquisadores instalem e utilizem o modelo em hardware isolado, sem acesso à Internet, um requisito essencial na ISS. Essa abordagem elimina a necessidade de transmitir dados via servidores na Terra, aumentando a segurança das informações e reduzindo a latência.
Tecnologia a Bordo
O sistema Space Llama integra diversas tecnologias avançadas:
- Framework A2E2 (AI for Edge Environments) da Booz Allen;
- Spaceborne Computer-2 da Hewlett Packard Enterprise (HPE);
- Computação acelerada pela NVIDIA (utilizando CUDA, cuDNN e cuBLAS);
- Capacidades de visão por IA do modelo Llama da Meta.
Este sistema é confeccionado com hardware compacto e energeticamente eficiente, comparável ao de satélites. Relatos indicam que os tempos de inferência—o período que a IA leva para processar um pedido—foram significativamente reduzidos, de vários minutos para pouco mais de um segundo.
Capacidades e Desempenho
O Space Llama integra funcionalidades de IA generativa e multimodal, sendo capaz de gerar texto e imagens a partir de instruções e processar distintos tipos de dados simultaneamente, como texto, elementos visuais e áudio. Esse modelo permite que pesquisadores acessem documentos técnicos básicos diretamente, sem depender de uma conexão com a Internet.
Contexto e Futuro
A implementação do Space Llama segue uma demonstração realizada pela Booz Allen em agosto de 2024, onde foi utilizado um modelo de linguagem generativo (LLM) na ISS, aproveitando o mesmo Spaceborne Computer-2 da HPE. Além disso, a Meta já havia anunciado, em novembro de 2024, a disponibilização de versões adaptadas de seus modelos Llama para parceiros governamentais e privados nos Estados Unidos.
Bill Vass, CTO da Booz Allen, destacou a relevância do projeto, afirmando que “a inovação espacial historicamente foi limitada pela dependência da conectividade terrestre para capacidades de computação e comunicação. O Space Llama leva as ferramentas diretamente para a fronteira do espaço, permitindo reparações críticas e mantendo o laboratório na ISS, o que nos impulsiona em direção a um futuro de ciência e descobertas espaciais.”
Espera-se que os resultados obtidos com o Space Llama forneçam insights valiosos para futuras missões, incluindo a exploração lunar e marciana. Além disso, pode impactar a implementação de sistemas autônomos em ambientes remotos ou sem conectividade terrestre.