Impacto da Inteligência Artificial do Google na Redução de Cliques em Links de Sites

Impacto da Inteligência Artificial do Google na Redução de Cliques em Links de Sites

Por

Redação

| 26 de maio de 2025

Após mais de um ano da implementação das respostas geradas por inteligência artificial (IA) nos resultados de busca do Google, proprietários de sites e pesquisadores relatam uma considerável redução na taxa de cliques nos links tradicionais. Um estudo realizado pela agência Ahrefs indicou que, com a ativação do recurso AI Overviews, o primeiro link de busca experimenta uma diminuição média de 34,5% nos cliques.

A pesquisa avaliou 300 mil buscas realizadas em março de 2024, antes da ativação do AI Overviews, comparando esses dados com o mesmo período em 2025. O impacto negativo é notável principalmente para criadores de conteúdo que dependem do tráfego orgânico para monetização via publicidade.

Em resposta às críticas, o Google introduziu uma nova aba denominada AI Mode, a qual utiliza modelos de linguagem para proporcionar respostas ainda mais detalhadas. No entanto, especialistas alertam sobre a possibilidade de um aumento nas chamadas “buscas de clique zero”, que oferecem informações sem a necessidade de acessar outras páginas.

A empresa defende que a IA facilita a descoberta de conteúdos na web, argumentando que os cliques originados dos resumos gerados são de maior qualidade e resultam em um tempo de permanência mais prolongado nos sites. De acordo com a companhia, o AI Overview já atinge 1,5 bilhão de usuários mensais, registrando um crescimento de 10% nas buscas em mercados como os Estados Unidos e a Índia.

Outro estudo conduzido pela consultoria Terakeet revela que páginas mencionadas nos resumos obtêm um aumento em seu tráfego, enquanto aquelas que não são citadas perdem visibilidade. Contudo, o Google não divulga os critérios utilizados para a inclusão de links nas respostas geradas por IA.

Ferramentas como o Google Analytics não fornecem distinções quanto à origem dos cliques, o que torna desafiador avaliar se os resumos realmente oferecem benefícios aos sites. O CEO Sundar Pichai afirmou que o recurso aumentaria o volume de acessos, uma afirmação que contrasta com os achados do estudo da Ahrefs.

Organizações de imprensa e especialistas em comunicação digital expressam preocupação com a sustentabilidade do jornalismo. A presidente da Fenaj, Samira de Castro, destaca que a prática de “self-preferencing” — priorizar respostas da própria plataforma — demanda uma regulação imediata por sua tendência em concentrar ainda mais o controle da informação.

Paula Guedes, representante da ONG Artigo 19, observa que em regiões como a União Europeia, o Google já é classificado como “gatekeeper” devido à sua influência no acesso à informação, poder que deve ser intensificado com os resumos de IA.

A ANJ (Associação Nacional de Jornais) argumenta que conteúdos jornalísticos utilizados por modelos de IA devem ser empregados somente com autorização e compensação adequada. A entidade também critica a ausência de acordos entre o Google e veículos de imprensa, em contraste com a postura de concorrentes como a OpenAI.

Em uma declaração conjunta, entidades como ANJ, Abert, Ajor, ABI e Repórteres sem Fronteiras solicitaram ao CADE que investigue se o Google está abusando de sua posição dominante ao apresentar conteúdo jornalístico sem compensação, prática já contestada em outros países.

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