Impacto da Pesquisa Científica no Avanço da Inteligência Artificial

seg, 19 maio 2025 18:04

Os avanços em inteligência artificial (IA) trazem questões éticas que exigem a atuação das universidades para garantir um desenvolvimento seguro da tecnologia.


DeepSeek se destacou ao competir com o ChatGPT oferecendo custos mais acessíveis (Foto: ANSA/AFP)
DeepSeek se destacou ao competir com o ChatGPT oferecendo custos mais acessíveis (Foto: ANSA/AFP)

A disputa pela liderança no campo da inteligência artificial intensificou-se com a introdução da startup chinesa DeepSeek. Desde sua implementação em 2023, essa plataforma de chatbot gratuito tem desafiado grandes players do setor, como ChatGPT da OpenAI e Gemini do Google.

A DeepSeek desenvolveu Grandes Modelos de Linguagem (LLMs, na sigla em inglês), entre eles o DeepSeek-R1 e V3, que chamaram a atenção pelo desempenho técnico superior e custos operacionais reduzidos. Entretanto, as questões a respeito de privacidade e segurança de dados foram levantadas, colocando a ferramenta em foco em debates globais sobre ética e governança em IA.

Segundo o coordenador do Núcleo de Ciência de Dados e Inteligência Artificial (NCDIA) da Universidade de Fortaleza, a análise rigorosa dessas tecnologias é imperativa. Ele enfatiza que a pesquisa científica é essencial para identificar riscos relacionados à privacidade, vieses algorítmicos e potenciais abusos de IA.

“A pesquisa acadêmica é responsável por estabelecer protocolos de auditoria, estruturas de uso ético e indicadores de confiabilidade que fundamentam as políticas públicas e a regulamentação da IA.”Vasco Furtado, coordenador do Núcleo de Ciência de Dados e Inteligência Artificial

Análise do Caso DeepSeek

Localizada em Hangzhou, a DeepSeek rapidamente ganhou destaque, impulsionada pelo fundo de investimento High-Flyer Capital Manager. O custo do desenvolvimento do modelo DeepSeeker-V3 foi de aproximadamente US$5,5 milhões, significativamente menor do que os US$100 milhões gastos pela OpenAI para treinar o GPT-4, conforme observado por Vasco Furtado. Esta eficiência atraiu uma base de usuários global em busca de explorar a ferramenta.

Entretanto, as práticas de coleta de dados da empresa geraram controvérsias. Informações como padrões de digitação, localização e histórico de conversas são armazenadas em servidores que operam sob legislações chinesas que favorecem o acesso do governo aos dados.

“Embora ofereçam benefícios, essas tecnologias levantam preocupações significativas. A privacidade pode ser comprometida se dados sensíveis forem coletados ou expostos. Além disso, a segurança pode ser prejudicada por usos indevidos, como disseminação de desinformação,” alerta o professor.

Em resposta a tais preocupações, empresas e governos adotaram medidas preventivas. A Microsoft, por exemplo, proibiu a utilização de chatbots chineses por seus colaboradores. Essa ação levanta a questão crucial: como garantir que plataformas de IA sejam seguras e eficazes?

A Importância da Pesquisa Científica no Desenvolvimento de IA

O progresso das IAs generativas transcende a atuação das corporações tecnológicas globais. Pesquisadores brasileiros, como Joel Andrade, líder de projetos no laboratório Vortex da Unifor, ressaltam a relevância da pesquisa no âmbito acadêmico dentro desse contexto.

Andrade aponta que a pesquisa científica é crucial para o avança e a segurança das tecnologias de IA. O desenvolvimento de IAs mais robustas e éticas requer uma abordagem multidisciplinar sustentada em evidências.

“As universidades não devem ser meras observadoras nesta revolução tecnológica; precisam ser protagonistas na criação e aprimoramento dessas ferramentas. A ciência oferece as bases para compreendermos os limites das tecnologias, incluindo falhas lógicas e vieses nos dados.”Joel Sotero, líder de projetos do Vortex e professor da Unifor

Andrade também destaca que a Universidade de Fortaleza tem investido em projetos que utilizam IA para fins sociais, especialmente na área da saúde, capacitando os alunos para atuarem nesse novo ecossistema.

Um exemplo é o laboratório Vortex, parte da Vice-Reitoria de Pesquisa (VRP) da Unifor, que tem se tornado uma incubadora de talentos e soluções práticas. “Os estudantes têm a oportunidade de desenvolver iniciativas que impactam diretamente a sociedade, como assistentes virtuais para pacientes com doenças crônicas e sistemas de triagem médica automated,” relata.

O NCDIA da Unifor também se destaca nacionalmente no desenvolvimento de soluções de IA, conforme afirma seu coordenador, Vasco Furtado.

A iniciativa dispõe de uma estrutura tecnológica avançada, com servidores equipados com GPUs de última geração, um ambiente de testes seguro e bancos de dados anonimizados, possibilitando a criação de projetos focados em justiça social, educação e governança pública.

Pesquisadores do NCDIA aplicam conhecimentos em ciência de dados e inteligência artificial para desenvolver soluções práticas que identificam padrões e otimizam processos (Imagem: Getty Images)

Um dos projetos significativos do NCDIA é MarIA, uma IA conversacional voltada para o autocuidado de indivíduos com condições crônicas. Além disso, o Programa Cientista Chefe concentra esforços na aplicação de IA em áreas de justiça e saúde pública.

A formação dos alunos da Universidade de Fortaleza inclui a discussão de temas pertinentes, permitindo que, ao se envolverem em pesquisas interdisciplinares e enfrentarem dilemas éticos e técnicos, adquiram habilidades analíticas fundamentais em um mercado em dinâmica constante.

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A Ciência Nacional como Resposta

“Dispomos de cérebros brilhantes e capacidade técnica. O que se faz necessário é investimento constante e reconhecimento da relevância estratégica da pesquisa científica nacional”, afirma Joel Sotero.

Ele também valoriza o papel da ciência brasileira e da Universidade de Fortaleza neste cenário. Para o docente, produzir conhecimento local é vital para evitar a dependência de soluções estrangeiras, que frequentemente não refletem as realidades locais.

Sotero acredita que iniciativas interinstitucionais demonstram a capacidade do Brasil de liderar em áreas críticas da IA, como a utilização ética, acessível e inclusiva de tecnologias avançadas. A Universidade de Fortaleza é um exemplo ativo, participando de redes estratégicas como o Centro de Referência em Inteligência Artificial (CRIA), coordenado pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Docentes da Unifor também têm apresentado suas pesquisas e inovações em eventos de destaque, como o Congresso Brasileiro de Sistemas Inteligentes (Bracis) e o Congresso Internacional de Inteligência Artificial e Direito (ICAIL), reforçando assim a relevância institucional tanto em termos acadêmicos quanto tecnológicos.

Formação em Informática Aplicada na Unifor

Para quem busca aprofundar conhecimentos e acelerar carreiras na área de tecnologia, o Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada (PPGIA) da Unifor oferece uma oportunidade valiosa. Com mestrado e doutorado reconhecidos pela excelência acadêmica, o PPGIA apresenta formação avançada em áreas essenciais como:

  • Ciência de Dados e Inteligência Artificial,
  • Engenharia de Sistemas,
  • Computação Visual e Interação.

O programa proporciona um ambiente de pesquisa inovador, beneficiado por infraestrutura avançada localizada no Parque Tecnológico (TEC Unifor) e parcerias com entidades renomadas do setor, assegurando o desenvolvimento de projetos que geram impacto real na sociedade. Com tais contribuições, o PPGIA obteve a nota 5 na avaliação da CAPES, consolidando-se como uma das melhores pós-graduações em sua área no Brasil.

Dessa forma, a Universidade de Fortaleza afirma seu compromisso com a geração de conhecimento científico de alta qualidade, tanto na fronteira da inteligência artificial quanto na promoção de inovações em saúde pública. Através da integração entre ensino, pesquisa e extensão, a instituição forma profissionais habilitados a enfrentar os desafios éticos, técnicos e sociais da contemporaneidade.

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