O desmatamento na Floresta Amazônica totalizou 377.708 hectares em 2024, conforme anunciado por um relatório da Rede MapBiomas. Este cenário evidencia os desafios recorrentes no combate à extração ilegal de madeira no Brasil. É nesse contexto que a Wood Chat se apresenta como uma startup que utiliza inteligência artificial para contribuir na preservação da Amazônia.
Estabelecida em junho de 2024, a empresa estruturou suas operações em duas frentes: uma assistente de inteligência artificial no WhatsApp, denominada “Violeta”, que educa sobre conservação ambiental, e um sistema de IA acessível por meio de login e senha, destinado à identificação de espécies de madeira através de fotografias enviadas pelos usuários. Essa abordagem visa criar um catálogo que facilita a fiscalização e combate a comercialização de madeiras extraídas ilegalmente.
Atualmente, a Wood Chat aplica tecnologia de LLMs (Large Language Models) para processar consultas em linguagem natural, integração com o modelo ChatGPT, aprendizado de máquina (ML), aprendizado profundo (DL), processamento de imagens e visão computacional para identificação de espécies de madeira.
O que a Wood Chat oferece atualmente?
No início, a Wood Chat operava de forma unificada, com a Violeta e a IA de reconhecimento de madeira integradas no WhatsApp. Contudo, a estratégica divisão dos produtos foi implementada para otimizar as operações.
Violeta atua como um “assistente florestal” via WhatsApp. O chatbot utiliza uma interface interativa de inteligência artificial que facilita as comunicações e aprimora a precisão nas respostas. Além de quizzes, Violeta também responde a perguntas sobre a fauna e flora da Amazônia. Confira:

A segunda solução é a IA que, por meio de imagens enviadas pelos usuários, determina a espécie da madeira. De acordo com a CEO da Wood Chat, a proposta não é substituir o trabalho dos engenheiros florestais, mas sim proporcionar suporte adicional a esses profissionais.
“A tecnologia visa aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do trabalho do engenheiro florestal, reduzindo o cansaço físico e mental. Profissionais podem ter que identificar mais de 500 toras diariamente”, afirma a CEO.
“Durante o manejo florestal sustentável, o madeireiro deve preencher um documento de origem florestal com precisão. Atualmente, essa identificação é feita a olho nu, o que propicia erros devido à sobrecarga de trabalho”, complementa a CEO.
Como surgiu a Wood Chat?
A Wood Chat teve sua origem no início de 2024 como um projeto de pesquisa em Manaus, em parceria com o Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), PPBio (Programa de Pesquisa em Biodiversidade) e o Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia. Na fase inicial, foram captados R$ 90 mil.
A formalização como empresa ocorreu em junho do mesmo ano, e logo a Wood Chat garantiu um novo aporte de R$ 60 mil da Fundação CERTI em julho de 2024. Em fevereiro de 2025, a startup foi agraciada com o Desafio Whatsapp pela Amazônia, recebendo uma premiação de R$ 250 mil.
Desafios pós-captação
Atualmente, a startup foca no desenvolvimento contínuo de sua tecnologia e na ampliação de suas operações. De acordo com a CEO, a IA de identificação de madeira está em funcionamento, mas demanda uma base de dados mais abrangente, dada a diversidade de espécies na Floresta Amazônica, que varia de 40 a 300 por hectare.
A CEO almeja estabelecer uma parceria com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e formar uma equipe robusta de pesquisadores na área madeireira para conseguir um banco de dados mais consistente.
“A integração com documentos de origem florestal, seja através do Ibama ou do Serviço Florestal Brasileiro, permitirá a coleta de dados. Assim, quando o madeireiro utilizar nossa tecnologia, terá acesso a um banco de dados e serviços aprimorados”, explica.
Para os interessados em colaborar, a CEO anunciou que há vagas abertas para voluntários, pesquisadores e doutores especializados na física da madeira. As inscrições podem ser realizadas através do contato via e-mail [email protected].